A crise econômica e financeira que atingiu o país no início de 2015 prejudicou de forma direta o desempenho financeiro de empresas estabelecidas no Brasil e levou muitas destas a recorrerem ao processo de recuperação judicial para evitar uma falência instantânea.
No ano de 2016, o número de novos pedidos de recuperação judicial no país alcançou, conforme informações da Serasa Experian, 1.863 casos. Já no ano de 2017 o número recuou para 1.500, mesmo assim, bastante superior aos anos de 2012 a 2015 que registraram cerca de 800 pedidos ao ano.
Pulando para os dias atuais, no ano de 2019 o número de pedidos chegou a 1.387, em comparação a 1.408 registrados no ano de 2018.
Diversos destes casos conseguiram através da recuperação judicial sobreviver à crise interna. Uma empresa que serve como exemplo de sucesso é a Mangels que atua no setor industrial e possui como produto principal a fabricação de roda de alumínio e acumulou uma dívida de 430 milhões de reais.
Porém, não apenas empresas de grande porte passaram por uma recuperação judicial com sucesso, empresas de médio porte como a rede varejista Casa & Vídeo, a fabricante de biscoitos Cory , a catarinense Pagé e a fabricante de equipamentos de armazenamento de grãos Angelgres que produz revestimentos de cerâmica são alguns dos exemplos de sucesso.
O que garante o sucesso em uma recuperação judicial é saber o momento correto de agir, pois a demora para admitir o problema financeiro é o erro mais grave é mais comum das empresas, ademais, o medo dos proprietários serem vistos como um caso de fracasso faz com que muitos adiem esta decisão e, consequentemente, dão início ao processo quando já não há mais dinheiro para nada.
O ideal é que uma empresa peça recuperação enquanto ainda possui dinheiro em caixa suficiente para pagar os salários, impostos e capital de giro para comprar matéria prima, caso contrário, as chances da empresa quebrar ao surgir qualquer problema são muito altos.
A empresa de energia Eneva levou este plano de manter um valor mínimo em caixa a sério, estabelecendo um montante limite e se atingisse esta trava o pedido de recuperação judicial seria protocolado, e foi o que ocorreu.
Sua dívida era de 2,4 bilhões de reais, a meta de caixa limite era de 70 milhões, e por saber o momento exato de dar início a recuperação judicial conseguiu aumentar seu capital, se reestruturar e quitar todas as dívidas.
Portanto, as empresas acima devem ser estudadas e analisadas como casos de sucesso, tendo em vista que tiveram um bom plano de negócio, renegociaram suas dívidas e aplicaram um plano de ação estruturado para melhorar a geração de caixa atrelando a isso a melhora dos parâmetros de qualidade do serviço prestado.
Outro fator a ser espelhado com os casos de sucesso é que as empresas precisam estar preparadas para fazerem concessões através de cortes de custos, venda de ativos e negociação honesta com os credores.
A fabricante de biscoitos Cory utilizou desta estratégia para conseguir sobreviver a recuperação judicial. A estratégia utilizada foi a negociação individual com cada um de seus fornecedores com objetivo de convencê-los a continuar financiando a compra de matéria prima da empresa, além de negociarem também o parcelamento de suas dívidas junto às instituições financeiras.
Em suma, para que uma empresa sobreviva a recuperação judicial é necessário um bom administrador judicial, somado a um plano de recuperação judicial bem delimitado, além do timing correto para se dar início ao processo.
Para maiores informações, o Domingues & Herold advogados estão a disposição para auxiliar com qualquer dúvida e auxiliar no mapeamento da melhor estratégia para sua empresa.